Quem nasce em Minas Gerais traz no DNA duas coisas que não se pode negar: corre nas veias dos mineiros o pão de queijo e a nostalgia.
Quem nasce em Minas é saudosista de nascença. Desde que nasce, já começa a ouvir as histórias de um povo que às vezes nem tá mais entre a gente. Mas essas histórias são tão marcantes, que mesmo quem não viveu pode jurar que tava lá.
Minas tem tantas histórias que as memórias do povo se misturam com as dos que já se foram. Ninguém sabe onde onde começa e onde termina a saudade.
Nos apegamos tanto aos personagens, que muitas vezes pegamos os hábitos deles pra gente. Vira e mexe fazemos um trem que nem gostamos, mas fazemos só pra matar um pouquinho da saudade. Como beber um café doce e ralo só pra lembrar do vô que gostava de fazer boca de pito bebendo aquela changuana.
Quem nasce em Minas já tá acostumado a ver as coisas modernas do lado das coisas antigas. Como um prédio chique toda vida que foi construído ao lado de uma casinha com o telhado de telha e portas e janelas de madeira. Como se nos dissesse: estamos aqui hoje, mas viemos dali.
Quanto mais pra dentro de Minas cê vai enveredando, mais saudades de um tempo que nem vivemos vamos tendo. As casinhas na beira da estrada, a vendinha que vende fiado, as senhorinhas e os sô Zés sentados no alpendre vendo as horas passar.
As vezes nos perdemos na correria da vida, nos afazeres do dia dia, mas sempre vai haver alguém em algum lugar no meio dessa selva de pedras passando um cafezin num coador já marcado pelo tempo e cheio de histórias. E o cheiro desse cafezin corre longe até o nariz dos distraídos, que ao sentir o cheiro toma um tapa na cara da saudade, lembrando de dias que a vida não tinha pressa e tomar um cafezin era quase uma festa com aquele tanto de gente sentado numa mesa e comendo um pãozin de queijo.
E não importa o lugar nesse mundão, onde tiver um mineiro, vai ter história e saudade de um pão de queijo.